sexta-feira, 16 de abril de 2010


"Corpo Santo" é o mais novo espetáculo da Cia de Teatro Madalenas. Ele começou a ser desenvolvido há dez meses pelos membros do coletivo, a partir de um estudo sobre a performance corporal do ator em cena. Inicialmente, Rodrigo começou essa pesquisa analisando imagens de São Jorge. "Aquela postura sempre me trouxe algo lúdico, artístico, e isso me cativava, por isso esse ponto de partida", explica. Em seguida, expandiu essa análise para a memória cultural religiosa ligada ao santo e para outros itens da cultura negra no Brasil, como a umbanda, o candomblé, o tambor de mina e a capoeira angola.

Ele expandiu o estudo e começou a analisar ainda imagens de Ogum e outros elementos da cultura africana. Um ano e meio depois de iniciado esse trabalho, Rodrigo levou seu projeto para o grupo, que começou a dar corpo ao espetáculo. O resultado de tudo isso é um trabalho inédito que mistura muita movimentação corporal, dança, música num espetáculo que captura o espectador para dentro de um verdadeiro terreiro de simbologias reinventadas, de forma muito particular, por Rodrigo junto com o grupo.

O ator põe em cena quatro personagens: um contador, uma criança, São Jorge e Ogum. Entre uma transformação e outra, Rodrigo fala, dança, utiliza linguagens próprias e tudo isso acontece ao som de cânticos que vêm da umbanda e do tambor de mina cantadas e tocadas ao vivo durante a apresentação. "Corpo Santo" ainda traz uma reflexão sobre os desafios do cotidiano e a eterna constância do monstro e do herói dentro de cada um.

Criada há oito anos, a Cia de Teatro Madalenas põe em cena mais um espetáculo inédito e diferente do que se vê em outros círculos, e não esconde a expectativa de dar ao público exatamente isso: o novo, o fora do comum, o que toca e prende.

Um comentário:

  1. Falar desse projeto "Corpo Santo" mexe bastante comigo, pois, apesar de ter sido numa educação católica, inclusive feito a 1ª Eucarístia, também tive minha infância e boa parte da minha adolescência com o corpo todo na umbanda.Minha avó Santa tinha carteirinha de fã nos terreiros de Belém, inclusive com atendimento vip em casa. Cansei de ir com ela aos terreiros e vivenciar todo àquele cotidiano dos filhos de santo. Então, tornou-se "normal" para mim, ver toda aquela gente de branco com seus colares coloridos, sorrisos nos rostos, aquelas músicas , que eram engraçadas pra mim!hehehehehehe.. Enfim, toda aquela áurea que rondava o espaço do terreiro, com aquela defumação!!!
    Então, a unção do católico Jorge e do Orixá Ogum no espetáculo, me toca muito, posso até afirmar que tem um pouco do Flavio nele. Com suas descobertas, angustias, ansiedades, curiosidades de moleque.
    Estou Ogum, Jorge. Estou Corpo Santo.
    Salve!!

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